23 outubro 2012

15 - PAIS E FILHOS: Conseqüências



 
1.3.2. Conseqüências

Para Collins (p. 182) “quando ocorrem problemas entre pais e filhos, isso pode influenciar os dois lados e às vezes gerar patologias infantis”. Conforme o autor citado, tais problemas trazem efeitos nocivos tanto sobre os pais bem como sobre as crianças. Ele cita que os pais geralmente acreditam que os problemas com os filhos são devido a sua incompetência na missão de pais, gerando assim frustrações, briga entre o casal, raiva para com a criança, além de sentimento de culpa, medo do futuro e até tentativas frenéticas de mostrar autoridade com o desejo de reassumir o controle. Lembra ainda que muitos pais simplesmente sentem-se incapazes de fazer algo e se limitam a assistir a rebeldia dos filhos. 
Entretanto quando a isso,  Dobson lembra que “A criança cujos pais nunca tomam rédeas com firmeza está sendo privada da compreensão correta da autoridade de sua mãe ou de seu pai. Isso também impede que ela compreenda outras formas de autoridade com as quais terá contato quando sair da segurança de seu casulo permissivo” (p.48). 
Em relação às crianças, conforme destaca Collins (p. 182,183), as conseqüências são muito mais sérias e prejudiciais. Ele lembra que “se a relação entre pais e filhos é problemática, os filhos ás vezes agem de modo semelhante aos pais, e podem ocorrer raiva, hostilidade em relação aos pais ou outros membros da família, culpa e medo.” 
Enquanto os pais têm a capacidade de se expressar verbalmente, a criança tem outras formas de expressões, como “acessos de raiva, rebeldia, baixo desempenho na escola, delinqüência, brigas, tolices, choro excessivo e outros comportamentos” que são usados com o objetivo de chamar a atenção, como uma forma de dizer: “Preste atenção em mim. Também estou sofrendo!” O citado autor também lembra que por vezes a criança tem medo de dizer o que sente, e procura negar a realidade, mas no intimo sente que é um fracasso total. Isso pode se transforma em semente da inferioridade e da baixa auto-estima, que podem surgir mais tarde na vida.
Collins também chama a atenção para o fato de que os problemas de relacionamentos entre pais e filhos também podem ter como conseqüências  “efeitos patológicos”. Que segundo ele são: 1) transtornos psicofisiológicos, como asma, úlceras, enurese noturna e dores de cabeça. Que podem ter causas físicas, mas também ser uma reação psicológica ao “alto nível de estresse, disciplina severa, desapontamentos, perda de membros da família ou uma relação mãe-filho sufocante”. 2) transtornos de desenvolvimento. Pressões familiares podem retardar o desenvolvimento oral, motor, social, cognitivo e outras habilidades da criança. 3) Transtornos psiconeuróticos, como ansiedade, medos irracionais, reações de culpa exageradas, distúrbios do sono, distúrbios alimentares e comportamentos compulsivos, segundo Collins, podem ser pistas de que alguma coisa está perturbando a criança, gerando nela conflitos internos. 4) transtornos de personalidade. Por vezes a criança nem apresente nenhum conflito ou ansiedade, “mas desenvolve uma personalidade hipersensível, excessivamente retraída, isolada, independente demais ou desconfiada” como reflexo de uma tensão interior. 5) Sociopatias e delinqüência. Quando a criança e frustrada no ambiente em que vive, pode reagir com acessos de raiva, delinqüência, e comportamento agressivo ou sexualmente impulsivo. Ela reage a frustração atacando os outros. 6) Depressão infantil. Collins cita que a depressão infantil tem sido mais perceptível nos últimos anos. E que “crianças deprimidas geralmente se retraem, perdem o apetite, são apáticas, queixam-se de problemas físicos, chegando a fugir de casa, ou mostram-se mal-humoradas, agressivas ou paradas” (p. 183). 7) Dificuldades de aprendizagem, também são lembradas por Collins, por vezes não como resultados de pouca inteligência, mas por vezes por serem muitos criticas ou pressionadas pelos pais, prejudicando assim sua auto-imagem e dificuldades de aprendizado. 


II. O RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS NA BÍBLIA.
Neste capítulo pretende-se apresentar algumas bases bíblicas e teológicas do relacionamento entre pais e filhos. 


"A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família."
Léon Tolstoi

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14 - PAIS E FILHOS : Traumas psicológicos















1.3.1.6. Traumas  psicológicos

Collins também destaca como outra causa os maus tratos psicológicos. Há pais que talvez nunca machuquem fisicamente os filhos, mas abusam deles psicologicamente. Em muitos lares filhos, tem sido rejeitados, criticados em excesso, humilhados, ameaçados, nunca recebendo amor, o que os leva a terem problemas pessoais ou ainda comportamentos que irritam seus pais. Segundo ele “especialistas em desenvolvimento infantil tem alertado para efeitos nocivos da superproteção, da permissividade excessiva, do rigor exagerado e excesso de preocupação com detalhes mínimos” (Collins 2004, p. 180) gerando assim ansiedade e insegurança nas crianças. 
Ele lembra ainda que talvez os pais não façam isso intencionalmente, mas por  sentirem-se confusos ou oprimidos pelo comportamento dos filhos, não percebem as necessidades dos filhos e não sabem como agir. Dobson (2006. p. 89) lembra que “A tentativa de controlar as crianças usando demonstração de raiva e explosões verbais é a abordagem menos eficaz á educação, além de não funcionar, ela ainda piora as coisas... infelizmente, a maioria dos adultos quando frustrados adota justamente essa abordagem para educar filhos.” 
Instabilidades no lar também provocam problemas no relacionamento pais e filhos. Toda criança precisa de um lar onde haja respeito, carinho, afeto, harmonia, e modelos sadios para seguir, para ter um desenvolvimento sadio. Segundo Collins (p. 180) quando os pais não sabem lidar com os problemas, seja no trabalho e na relação matrimonial, faz com que os filhos se sintam ansiosos, culpados e irritados. Por vezes ainda sentem-se esquecidos, vivem com medo de serem abandonados, física ou psicologicamente, ou precisam tomar partido do pai ou da mãe. Isso leva os filhos a terem um mau comportamento, mais como um grito de socorro, que indica problemas no lar, do que realmente ser uma criança desobediente ou rebelde.


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13 - PAIS E FILHOS: Influências




1.3.1.5. Influências


Paes (2005, p. 110) lembra algumas coisas que influenciam diretamente a vida dos filhos, por exemplo: em muitas famílias a TV tem se tornado uma “babá  eletrônica”, filhos passam horas diante dela assistindo a diversos tipos de programas, é isso é um perigo para a educação infantil. Muito dessa programação está trazendo para dentro do lar padrões, conceitos e ideais que não são compatíveis com a vida familiar e com os ensinos bíblicos. Além de influenciar na linguagem e nos costumes, e por induzir a violência, desrespeito, e comportamentos imorais e pecaminosos. 
Collins lembra que geralmente os problemas familiares vem de fora, destacando que por exemplo, “a televisão praticamente acabou com a comunicação em muitos lares, tomou o lugar da convivência familiar e apresenta programas, que quase sempre, mostram uma visão muito negativa da família” (p.518).
Paes (p. 111) também fala da “Influencia perigosa dos videogames, da música e da literatura”. Poucos pais param para observar o que seus filhos estão jogando, ouvindo ou até mesmo lendo. Há muito conteúdo satanista, e de ocultismo, outros que incitam a violência e até uso de drogas, que criam fantasias na mente das crianças levando a comportamentos agressivos e errados.
Há ainda as influências físicas, como doenças graves ou prolongadas, hospitalizações, cirurgias, etc. que geram sentimentos como ansiedade, retrai-mento  ressentimento em relação aos pais, medo e outras reações psicológicas. Se “enfrentar uma doença é difícil para qualquer um, mas é particularmente difícil para uma criança.” (Collins 2004, p. 180).


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12 - PAIS E FILHOS: Necessidades não satisfeitas

                                              


1.3.1.4. Necessidades não satisfeitas

Necessidades não satisfeitas são outra causa apontada por Collins (2004, p. 180). Segundo ele não há um acordo entre psicólogos referente a lista de necessidades humanas básicas. Mas segurança, aceitação, disciplina, estimulo, são necessárias para o desenvolvimento. Entretanto a maior necessidade seria o amor. Se uma criança é privada do amor, ou outra necessidade não é atendida, seu amadurecimento fica comprometido, e problemas vão surgir. 
 Sentir-se rejeitado é um dos mais terríveis sentimentos de um ser humano. Entretanto há crianças que se sentem rejeitadas pelos pais. Para Paes muitos filhos “não recebem carinho, atenção, demonstração de amor” por parte dos pais, que por sua vez nem imaginam como isso trás conseqüências na personalidade e no caráter de uma criança. “a delinquência de muitos jovens e adultos se explica no péssimo relacionamento que tiveram com os pais nos primeiros anos de vida”(Paes 2005, p. 110).



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11 - PAIS E FILHOS: Falta de disciplina e de limites





1.3.1.3. Falta de disciplina e de limites

 “Filhos precisam ter limites em seu comportamento. Crianças sem limites serão adultos problemáticos” (Paes 2005, p. 110). Entretanto muitos pais não aprenderam, ou não conseguem dizer não aos filhos. Tornam-se permissivos demais, o que leva a criança a achar que todas as suas vontades devem ser feitas, que o choro e a birra são suas armar para conseguir o que desejam, e que os adultos estão ali a serviço dela. Dessa forma irão crescer sem limites e achando que podem fazer tudo o que desejam. 
Nesse sentido Collins lembra que: “algumas famílias quase não tem regras; isso pode causar confusão, principalmente na cabeça das crianças. Outras têm regras tão rígidas que sufocam o crescimento individual de seus membros” (Collins 2004, p. 516). Ainda segundo o autor o excesso de regras é comum nas famílias cristãs, que por vezes tem regras tão rígidas que impedem a flexibilidade e até o desenvolvimento saudável da pessoa. 
Nos dias que esse trabalho está sendo realizado, um fato choca o país, quando um jovem faz refém sua ex-namorada e uma amiga, por mais de cem horas, e o caso termina em tragédia com o rapaz matando uma das jovens e ferindo a outra. Algo muito importante foi escrito sobre o caso por uma professora de psicologia, Doutora Maria Isabel Alves, onde numa apresentação elaborada pelo Professor Jorge Pétrus denominado: “O não de Eloá”, a citada autora chama atenção para o fato de que o mundo está carente de pessoas que sabem dizer não, no artigo é descrito assim: 
Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças (...) Os pais dizem, 'não posso traumatizar meu filho'. E não é raro eu ver alguns tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos (....) Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes não crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que a vida dá (e a vida dá muitos) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante. Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias.” (Alves 2008).


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10 - PAIS E FILHOS: Falta de espiritualidade no lar

                    




1.3.1.2. Falta de espiritualidade no lar

Paes chama a atenção para o fato de que na Bíblia, em especial no Antigo Testamento, uma das principais tarefas dadas por Deus aos pais era a de educar e ensinar aos filhos a palavra de Deus (conforme Dt 6:4-9). Entretanto isso está sendo deixado de lado pelos pais. Paes afirma que “a falta de espiritualidade nos lares está desintegrando a família. Não há lugar e nem tempo para a leitura da Bíblia, meditação e oração” (p.109).
 Collins (p. 179,181), também cita que uma das causas dos problemas enfrentados por pais na criação dos filhos seria “minimizar ou exagerar a importância dos aspectos espirituais”, destacando que mesmo que livros de psicologia quase nunca reconheçam a importância das bases bíblicas para o desenvolvimento das crianças, os escritores bíblicos destacam tal importância. Ele chama atenção para o Salmo 78.1, onde cita que “os filhos devem receber instrução espiritual para aprender a depositar sua fé em Deus, lembrar de sua fidelidade e não se tornarem desobedientes, teimosos ou rebeldes”. Se por um lado a ausência de instrução bíblica é nociva, igualmente nociva será uma doutrinação rígida.
Keefauver falando sobre o fato de que pais têm deixado os princípios bíblicos para segundo plano, destaca que em muitas famílias: 
“O casamento e a educação dos filhos de acordo com os princípios bíblicos perderam seu lugar de importância. Maridos e esposas envolveram-se tanto com seu próprio trabalho, que relegaram um ao outro e os próprios filhos a um segundo plano. Com isso os valores bíblicos não são transmitidos aos filhos, que crescem sem referencial e sem esteio e acabam tomando para si os valores culturais transmitidos pela mídia” (Keefauver 2005, p. 33).
Sobre o assunto a professora Dulce Consuelo Purim, em um artigo no site click Família escreve um artigo sobre o Valor do Culto Doméstico, onde relata: 
“Essa é a realidade do resultado da enquête feita pelo Ministério OIKOS em seu site (clickfamilia.org.br) sobre: ‘Na sua família há o hábito de realizar o culto doméstico?’  Eis os resultados em percentuais: Todos os dias: 12,6% ; uma vez por semana: 9,7%; uma vez por mês: 2,3%; raramente: 34,2%; nunca: 41,3%.É disparado o percentual dos lares que o realizam raramente ou nunca” (Purim, 2008).

Com certeza tal relato não é apenas a situação daqueles que visitam o site, mas tem sido a grande realidade na maioria dos lares, e também dos que se dizem cristãos, o fato de que Deus e os princípios bíblicos estão ficando em segundo, quando não em ultimo plano na vida familiar. 


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9 - PAIS E FILHOS: Pais ausentes




1.3.1.1. Pais ausentes

Segundo Paes (p. 108), enquanto estudiosos do desenvolvimento e comportamento humano chamam a atenção para o fato de que os pais precisam dedicar mais atenção para seus filhos, muitos pais não vêem isso como essencial. O autor lembra o fato de que hoje os pais estão terceirizando a educação de seus filhos, acha-se que a babá ou a escola, ou ainda a igreja é que deve educá-los. Esquece-se que nos primeiros anos de vida são formados o caráter e a personalidade dos filhos, e que temperamentos precisam ser moldados, bem como limites e respeito precisa ser ensinado. 
O autor lembra que “pais que não acompanham de perto o desenvolvimento de seus filhos não tem controle sobre as influências a que estão sendo submetidos.” destaca ainda que muitos casais têm tempo para assistir programa prediletos na TV, mas não conseguem dedicar meia hora para brincar e realizar atividades com os filhos. A vida em família não tem sido priorizada, ao passo que nada deveria subtrair dos pais o tempo que devem dar a família. 
O corre-corre diário que a vida impõe a muitos pais e mães têm levado a família a ter um relacionamento superficial, baseado em poucas palavras porque quase não há mais tempo para sentar e conversar. A falta de comunicação tem afetado toda a relação entre pais e filhos, e com isso todos sofrem. Por outro lado, quando há comunicação, ela se baseia em conflitos, onde os filhos faltam com respeito para com seus pais, e estes por sua vez sentem-se impotentes sobre o que fazer.
 Para Paes (p. 23) “Casais e filhos muito atarefados vão se tornando cada vez mais ausentes da vida familiar”.  Bevere (2002, p.48) chama a atenção para o fato de que “muitos lideres de nosso lar, empresa e igreja, estão mais preocupados com seus alvos do que com seus filhos”.
 Keefauver (2005, p. 34) destaca o fato de que há hoje muitos filhos que por vários motivos cresceram sem a presença, carinho e cuidado dos pais. Segundo ele há “pais que simplesmente não sabem educar seus filhos e jogam essa responsabilidade sobre a igreja, escola, avós, babás e até sobre a televisão”.  
Jaime Kemp escreve sobre “O incrível poder de um pai”, ressaltando a importância que o pai tem na vida de um filho. Para ele, “no que diz respeito ao impacto e à profunda influência na vida de um filho, sem dúvida, ‘pai’ é uma palavra muito poderosa. Seu alcance e sua importância transcendem a infância e se estendem por gerações.” Ele ainda cita que se pode reconhecer esse poder por meio de duas maneiras: 1) “pela observação prática e funcional”. 2) “Pela avaliação do impacto da sua ausência”. No mesmo artigo o citado autor afirma ter chegado à conclusão de que quando um pai é espiritualmente ativo e consagrado a Deus, a chance de que seu filho também venha a ser um homem espiritual é de aproximadamente 70%. Por outro lado se apenas a mãe for cristã, essa porcentagem, segundo ele cai para 15% ou 20% no máximo. Chama ainda atenção o fato da importância do pai no convívio com a família, o autor chega a afirmar que ele crê que “a sobrevivência de qualquer sociedade está intimamente ligada a presença de uma liderança masculina’. E o fato de que a ausência do pai, talvez seja o desencadeador das mudanças mais radicais na estrutura da família”. O autor ainda cita que: 
 “O Jornal The London Daily Telegraph, em uma matéria sobre a problemática da ausência paterna no lar adverte: ‘vizinhanças inteiras provavelmente serão dominadas por gangues de jovens delinqüentes nas próximas décadas. Os índices de criminalidade, violência e dependência  de drogas poderão assumir proporções epidêmicas. Com a falta dos pais em suas casas,  a comunidade de jovens torna-se selvagem’ ” (Kemp 2002, p. 11).

O fato é que as crianças hoje em dia estão entregues a si mesmas. E os pais ausentes estão ou ainda colherão  as conseqüências.


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8 - PAIS E FILHOS :O problema de Relacionamento entre pais e filhos: Algumas Causas e conseqüências

                                             


1.3 O problema de Relacionamento entre pais e filhos: Algumas Causas e conseqüências.

1.3.1. Causas
Quais os motivos que tem levado à tão grande problema de relacionamentos entre pais e filhos? Poderia se afirmar que tais problemas ou desajustes familiares ocorrem por motivos mais diversos tais como: o desrespeito de cada uma das pessoas em relação à outra, a ausência de diálogo; a frieza da vida conjugal e a falta de amor, compreensão, afeto, e tudo isso tem contribuído, para a dissolução da estrutura familiar, afetando diretamente os relacionamentos.
Muitos pais têm em mente que basta suprir as necessidades físicas dos filhos: alimento, vestes, dinheiro, presentes, etc. enfim dar-lhes uma vida confortável que serão felizes. Mas e quanto às demais necessidades: espirituais, emocionais e morais? E quanto aos princípios, valores, limites e modelos que os filhos precisam para ter um desenvolvimento saudável, e assim buscar por relacionamentos saudáveis com os pais e demais pessoas? 
Poderia se ainda colocar a culpa na genética, e afirmar que as causas dos problemas de relacionamentos entre pais e filhos são hereditárias. Mas esse trabalho não pretende analisar essa questão, antes visa chamar a atenção para algumas questões práticas do relacionamento do dia a dia de pais e filhos. 
Seria fácil colocar toda a carga da culpa sobre os filhos e dizer que eles é que tem se tornado desobedientes, desrespeitosos e ingratos para com os pais. Como afirma Paes: “É muito difícil ver os pais refletindo sobre a parcela de culpa que eles mesmos têm no comportamento do filho. Nunca perguntam por que meu filho é tão agressivo? Por que tem uma linguagem tão obscena? Por que é tão desobediente?” (p. 108). 
Para Moura (p. 253) “Na família, o comportamento de um membro está relacionado com o comportamento de outros membros e assim, se uma criança é considerada desviante, uma explicação do seu desvio se encontra na inter-relação comportamental existente entre os membros da família”. A autora ainda destaca que se uma criança está apresentando problemas, geralmente é porque ela não sabe como enfrentar esse problema e nem como expressar seus sentimentos. Dessa forma ela começa a apresentar um comportamento através do qual busca se adaptar, ou mesmo tentar resolver da melhor forma possível a situação que enfrenta. Sem saber o que fazer, ela tenta afastar as pessoas, por vezes agredindo ou se isolando, porque não quer sofrer mais ainda com a situação. Conforme afirma: “As crianças dão sinais comportamentais claros de que alguma coisa está errada com elas ou que algo está incomodando: comem demais, são sensíveis, retraem-se, vão mal na escola, tem explosões e acessos de raiva, agridem irmãos e coleguinhas, tem freqüentes dores de cabeça, de barriga, etc.” (p. 253).
Mack (2001, p. 90) lembra que muitos problemas de comportamento e de atitude dos filhos podem ser apenas reflexos de três fatores: problemas pessoais dos próprios pais, problemas conjugais ou descaso quanto às orientações bíblicas para os pais.
Moura (p. 149) chama a atenção para o fato de que toda criança segue dois princípios básicos de aprendizagem que são: 1) “aprendizagem por observação de um modelo se comportando”; sendo que esse modelo se dá pela imitação, onde a criança observa e imita um modelo, que podem ser pais, professores e colegas. 2) “aprendizagem pelas conseqüências que o comportamento produz no ambiente ou no comportamento de outras pessoas”. Podendo ser reforçado ou enfraquecido pelos pais, e pelas conseqüências que traz para a criança. Se a conseqüência é física ou algo desagradável, com certeza o comportamento será enfraquecido, mas se produz risos ou satisfação para a criança, ele pode ser fortalecido. 
Moura também lembra que quando os pais percebem que o filho está tendo problemas de comportamento, na maioria das vezes, “ou os pais estão dando modelo do comportamento inadequado e não estão percebendo, e/ou eles estão valorizando, também sem perceber, o comportamento que querem que o filho deixe de apresentar” (p. 251). O que muito acontece é que os pais por vezes não fornecem o modelo de comportamento que estão exigindo dos filhos, e devido a isso nenhuma correção ou repreensão fará efeito, por que o exemplo fala mais alto do que suas palavras. 
Para citada autora, “os pais são os principais agentes promotores tanto das dificuldades quanto do bem-estar emocional e comportamental de seus filhos pequenos, devido a grande influência que exercem sobre eles neste período de vida” (p. 257). Ao refletir sobre essa questão pretende-se analisar algumas das principais causas que tem contribuído para o surgimento de problemas entre pais e filhos.



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22 outubro 2012

7 - PAIS E FILHOS: Características





1.2.2. Características 

A família é a base dos relacionamentos, pode-se dizer também a base para o futuro dos filhos. Entretanto a família enfrenta problemas complexos e diversos, que têm afetado a sua estrutura. Uma geração de filhos rebeldes, desobedientes e sem respeito para com os pais e demais pessoas tem-se levantado nos últimos anos. Lares influenciados pela mídia e por uma sociedade que somente valoriza o ter e a busca por poder, fama e dinheiro, parece estar se formando nos dias atuais. Enquanto no outro lado, parece estar uma geração de pais que tem obedecido aos seus filhos ao invés de ter autoridade sobre eles. 
Paes (p. 107) afirma que “muitos pais estão completamente desorientados quanto à educação de seus filhos. A maioria se vê perdida diante de uma filosofia liberal, que propões uma educação mais aberta sem repressões”.
Se por um lado vê-se a família como essencial e fundamental para o ser humano desenvolver seus relacionamentos, também é na família que surgem os conflitos, desentendimentos, os primeiros problemas de relacionamento. É na família que os filhos descobrem que há regras, limites, tradições... Que precisam ser respeitadas. Quando isso não acontece, surgem os conflitos no relacionamento entre pais e filhos. Collins (2004, p. 185) afirma que “Criar filhos pode ser uma experiência frustrante, e apesar dos erros e fracassos dos pais, devemos presumir que a maioria realmente quer ser e ter sucesso nessa tarefa.”  O citado autor destaca que todas as pessoas foram criadas dentro de uma  família, entretanto: 
“Não se ensinou a pensar na família como um instrumento através do qual as pessoas cooperam, aprendem umas com a outras, se fortalecem mutuamente, e às vezes, erram coletivamente.” Bem pelo contrário o que se vê hoje são famílias, “caracterizadas por conflitos, agressões verbais e físicas, incesto, infidelidade, crises, individualismo egoísta, insensibilidade e instabilidade” (p. 513). 

Dobson (2006 p. 49) afirma que: “algumas mães e alguns pais vão para a cama à noite com a cabeça latejando de dor perguntando-se como a experiência de educar filhos se tornou tão exaustivo e enervante”.
Muitos pais têm perdido o respeito e a autoridade diante de seus filhos. Enquanto os filhos desorientados e muitas vezes sem saber o que fazer, não obedecem, não honram seus pais e já não os vêem mais como modelos ou exemplos para sua vida. Conforme afirma Paes: “pais e mães estão pedindo socorro porque não tem idéia de como lidar com os filhos. Não sabem se colocam limites ou se dão total liberdade aos filhos” (p. 120). 
Já Collins chama a atenção para o fato de que: 
 “a criação de filhos faz com que muitos pais se sintam inseguros, sobrecarregados, envolvidos numa disputa, com ciúme, com medo de perder o filho ou com a necessidade de exercer controle autoritário sobre a família. Quando essas necessidade são intensas, ou não são satisfeitas, surgem tensões” (p. 186). 
O Dr. James Dobson (p. 53) apresenta uma pesquisa feita por ele mesmo, com 35 mil pais, que mostra que existem três vezes mais crianças geniosas (difíceis de lidar, rebeldes, etc.), do que crianças dóceis (compreensivas, respeitosas, etc.); e que: 92 % dos pais sabem que terão um filho difícil de lidar antes que ele complete seu terceiro ano de vida; ressalta ainda que: 74% destas crianças vão se rebelar significativamente na adolescência. Revelando assim que há uma grande chance de que na maioria dos lares haja problemas de relacionamentos entre pais e filhos. 
Quando se lê na bíblia que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão (Sl 127.4), vê-se que essa parece não ser a realidade de hoje.  Para a grande maioria dos pais isso não tem repercutido na prática. Alguns chegam a considerar que antes de ser uma bênção, filho é castigo, pois educá-los tem se tornado algo exaustivo e até estressante. Há pais que depois de observar o comportamento de filhos de amigos acabam chegando à conclusão que o melhor é não ter filhos para não ter problemas ou incomodo. O último Censo do IBGE revelou que, entre 1995 e 2005, na região Sudeste, o percentual de famílias formadas por casais com filhos caiu de 56,6% para 48,5%.   Seria uma possível indicação de que hoje no Brasil mais da metade dos casais está optando em não ter filhos?  Sendo que muitos desses por acreditarem que tem se tornado muito difícil educar ou filhos, ou eles podem acabar atrapalhando a vida profissional e emocional do casal. Alguns chegam a afirmar que preferem ter um bichinho de estimação ou uma planta ao invés de ter filhos, porque o trabalho é menor e este não se estressam nem incomodam.



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6 - PAIS E FILHOS: A Realidade dos relacionamentos na família




1.2. A Realidade dos relacionamentos na família.

Dificilmente encontra-se um lar ou uma família que não passa por problemas de relacionamentos envolvendo pais e filhos. A cada ano vários livros sobre o assunto são escritos para tentar auxiliar a melhorar esse relacionamento. Tem aumentado em muito o número de pais que tem procurado psicólogos e conselheiros em busca de uma solução para o problema que enfrentam com os filhos. Para tanto há a necessidade de se entender melhor como anda esse relacionamento dentro do lar.  

1.2.1. Pais e filhos um relacionamento de conflitos.

Conflitos sempre fizeram parte do relacionamento familiar, entretanto parece que nos dias atuais essa tensão tem aumentado. A família em geral, hoje esta vivendo uma crise de relacionamentos saudáveis, e isto não só entre marido e mulher, mas também e de uma forma intensa, entre pais e filhos.  
Dentro do contexto da família o relacionamento entre pais e filhos tem sido cada vez mais conturbado e difícil. Não são apenas os pais que se lamentam dos seus filhos. Constantemente os filhos também se queixam dos seus pais, e não raro esse relacionamento conflituoso tem levado para dentro dos lares muita preocupação, dores e sofrimento.
Paes chama a atenção para o fato de que há certas áreas em que o ser humano parece regredir. Ele destaca que: “A qualidade da vida emocional das pessoas está piorando a cada dia. Nos relacionamentos interpessoais falta carinho e sobra agressividade, falta compromisso e sobeja infidelidade” (p. 12). Chegando assim a triste constatação de que o caráter das pessoas está enfraquecido, e isso tem-se refletido em todos os seus relacionamentos, e infelizmente, de uma forma cada vez maior entre pais e filhos.
O pastor e pedagogo Domingos Mendes Alves, em um artigo na revista lar Cristão, chama atenção para o fato de que o relacionamento entre pais e filhos tem enfrentado crises de afetividade e autoridade. Segundo ele: “A crise de afetividade refere-se à ausência de um relacionamento mais intimo, onde o diálogo, a compreensão, o toque, o companheirismo, fazem parte do simples, do natural e do cotidiano da vida” . Já a crise de autoridade tem a ver com a ausência da autoridade dos pais e o estabelecimento de limites para os filhos. “Muitos não conseguem conquistar autoridade paterna, gerando um ambiente de permissividade e desestrutura” (Alves 2003, p. 20). Percebe-se claramente que a grande dificuldade para os pais tem sido o fato de, por um lado, não saber como se aproximar e se tornar mais íntimos, mais amigos dos filhos, e por outro lado até que pontos devem exercer a sua autoridade sobre os filhos sem que isso se transformar em autoritarismo. 
Paes ainda destaca que: “o relacionamento entre pais e filhos nem sempre é muito amigável. De um lado, muitas vezes estão pais intolerantes, exigentes demais, agressivos e que não dialogam com os filhos; de outro, filhos que não aprenderam o significado do respeito e da obediência.” (p. 119).



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5 - PAIS E FILHOS: O Relacionamento entre pais e filhos na família


474852 o padrasto deve dar tempo ao tempo para que a criança aceite a nova relação familiar Como ser um bom padrasto: dicas


1.1.2. O Relacionamento entre pais e filhos na família.

Ramos (p. 39-41) afirma que: “o campo de relações que a família é e cria é fundamental para cada um de seus membros”. Também enfatiza que para as crianças, tanto quanto para os adultos e idosos, a família oferece o quadro elementar e imprescindível de relações para as respectivas realizações humanas.  
Poujol (2005, p.30) destaca que: “Entrar em contato com nossos semelhantes, ouvi-los e conversar com eles é uma necessidade” e que isto já está presente na vida do ser humano desde criança, pois ele afirma: “A criança para poder se desenvolver deve se ligar aos outros” chegando a afirmar que “A sobrevivência da criança, e mesmo do adulto depende de seus relacionamentos. Uma criança sem contato humano definha, afunda na psicose e morre.” 
O primeiro relacionamento da criança começa na família, com seu pai, mãe e irmãos. É dentro da família que aos poucos vai se formando uma estrutura de relacionamentos, que vai servir de base e modelo para toda a sua vida. Conforme é a relação que a criança tem com seus pais é que vai estabelecer o tipo de relação no decorrer da  sua vida.
Dresher (2005, p. 20-21) chama atenção para o fato de que; “estima-se que, em média, a criança faz quinhentas mil perguntas até os quinze anos. Que privilegio para os pais – meio milhão de oportunidades para comentar alguma coisa sobre o significado da vida.” Ele lembra ainda que os primeiros anos da vida de uma criança devem ser dedicados ao ensino. E que até os quinze anos os pais vão participar da maior parte do aprendizado dos filhos. Até essa idade os filhos já estarão cientes do que seus pais acreditam e quais são os seus valores e caráter. E segundo o autor ainda nesse momento os pais precisam estar disponíveis quando filho os procurar para buscar conselhos e ajuda. 
Para Osório (1996, p. 21), há uma influência recíproca na relação entre pais e filhos, na qual os pais influenciam o comportamento dos filhos e o comportamento destes também modifica a atitude dos pais. 
Desde pequena a criança aprende com o modelo que é oferecido a ela. A criança, e o adolescente, tal como os adultos, aprendem “bons” e “maus” comportamentos, observando como outras pessoas agem e o que acontece a elas. Desse modo, por exemplo, pais que freqüentemente se agridem frente a algum problema, mostram aos filhos que a forma de resolver situações de conflito é através da intolerância e agressividade. Se por outro lado, o casal conversa, fala e ouve um ao outro com atenção, se procuram entender as razões pelas quais cada um agiu da forma como agiu, mostrariam aos filhos que para resolver dificuldades pessoais pode-se lançar mão da conversa em lugar de agressão. A forma como, os pais, agem quando tem problemas de relacionamentos entre si, irá servir de modelo para que os filhos também venham a agir assim nos seus relacionamentos. 
Augusto Cury ao falar sobre a importância do exemplo no relacionamento entre pais e filhos  destaca para os pais que:
 “Eles arquivam diariamente os seus comportamentos, sejam eles inteligentes ou estúpidos. Você não percebe, mas eles o estão fotografando a cada instante. O que gera os vínculos inconscientes não é só o que se diz, mas também o que eles vêem. Muitos pais falam coisas maravilhosas para suas crianças, mas tem péssimas reações na frente delas: são intolerantes, agressivos, parciais, dissimulados. Com o tempo cria-se um abismo emocional entre pais e filhos. Pouco afeto, mas muitos atritos e críticas.” (Cury, 2003,  p. 23)

Com isso os filhos acabam construindo uma imagem de seus pais que se torna difícil de ser apagada de suas mentes. Mas acima de tudo, essa imagem passada pelos pais, acaba influenciando de tal forma a vida dos filhos que eles aprendem, consciente ou inconscientemente, que essa é a forma para se relacionar com as pessoas de modo geral.
Moura, destaca que existem diversos estudos que mostram como o fator ambiente torna-se determinante para o desenvolvimento e adaptação social de uma pessoa. 
“Hereditariedade e ambiente têm um papel interativo tanto no desenvolvimento saudável da criança, quanto na evolução de problemas emocionais e comportamentais. Entretanto, é o ambiente e, em particular, as interações familiares, que exercem papel fundamental no desenvolvimento e aprendizagem da criança” (Moura 2006, p. 248).  

A citada autora afirma que o convívio com os pais que vai determinar as características comportamentais e a forma que a criança vai interagir com outras pessoas. Por isso a forma de agir e se comportar de uma criança sempre tem como base aquilo que ela aprendeu ou viu em alguém, em especial nos seus pais. Sendo que estes, direta ou indiretamente sempre estão influenciando a criança através de suas atitudes, palavras e exemplos.



"A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família."
Léon Tolstoi

PAULO MIGUEL AGUILAR

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4 - PAIS E FILHOS: Relacionamento e família





1.1.1. Relacionamento e família.

  O desenvolvimento da vida do ser humano se dá através de seus relacionamentos. O ser humano não pode viver isolado. Para Poujol (2005, p. 29): “Pela família, escola, casamento, profissão, desde o nascimento e até a morte, sua vida desenrola-se num campo social em coexistência com os outros” e a isso chamamos de relacionamento. Paul Lewis falando nesse sentido afirma que:
“Dentre as habilidades essenciais da vida, poucas são mais importantes do que saber criar e manter boas amizades. Tanto com Deus quanto com aqueles que convivem conosco, os relacionamentos são a matéria-prima para esculpirmos a auto-estima e uma vida feliz. Eles afetam grandemente nosso desenvolvimento pessoal e mantêm firmes os laços familiares” (Lewis, 2006, p. 29). 
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Lewis ainda afirma que tanto estudos sociológicos quanto o bom senso dizem que o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis por parte dos filhos, depende em grande parte do modelo que os pais exibem para eles: como se tratam como marido e mulher, como resolvem conflitos e expressam alegrias, ou seja, dependerá em grande parte do exemplo e do que os pais transmitem aos filhos através das experiências da vida. 
Schneider-Harpprecht afirma que:  
“O ser humano é o ser falante que vive a partir da relação com os outros buscando satisfazer suas necessidades de auto-sustentação física, psíquica e social (...) isso move o ser humano a desenvolver sistemas sociais como a família, o Estado, a escola e a Igreja, cuja estrutura e cujas regras o protegem contra a irrupção do caos social, da anomia.” (1998, p.309-310)

Sathler-Rosa (2004, p. 124) chama a atenção para o fato de que “a ênfase é dada aos relacionamentos porque tanto a antropologia bíblica como diversas correntes psicoterápicas contemporâneas reconhecem a importância dos relacionamentos para a formação de personalidades equilibradas”. Entende-se, portanto, que sendo o relacionamento importante e vital na vida e no desenvolvimento da pessoa, cabe destacar que as primeiras formas ou modelos de relacionamento acontecem no seio da família, entre pais e filhos. 
Toda a vivência do ser humano está relacionada com a família. Para Ramos (1997,  p. 39) “A família aparece como o lugar originário e básico da vida humana de cada indivíduo. É nela que ele vem ao mundo, cresce, desenvolve-se, torna-se pessoa adulta, vive, realiza, trabalha, se relaciona, se perpetua e, normalmente morre”. 
Ramos ainda descreve a família como: 
 “Um grupo de interação mútua, formado pelos diversos membros, cada um em seu lugar e com suas funções características, insubstituíveis e intransferíveis. Todos colaboram com o grupo a partir de si mesmos e nos diversos planos: físico, afetivo, econômico, social, educativo... todos dão e todos recebem. É a família que oferece a  ajuda necessária a cada um. Ajuda mútua, com certeza.” (p. 40,1).

Um sinônimo de família é lar. Pode-se dizer que lar é o lugar de convivência e relacionamento da família. Corrêa (1970, p. 154,5) explica que “lar é um termo de origem latina, que inicialmente designava o lugar na cozinha, onde se acendia o fogo para cozer ou preparar o alimento. Por extensão veio a significar a casa, o domicílio, a família.” Segue ainda destacando que a lareira é um termo derivado de lar usado para designar o lugar onde se acende o fogo para aquecer o ambiente da família, no inverno rigoroso. Os termos lar e lareira dão à idéia de fogo, de lume, de calor e aquecimento, deduzindo então que “o lar deve ser um ambiente de calor humano e divino, de claridade, de amor, de paz, de bem estar e de felicidade!” Lugar onde os integrantes da família se sentem bem e seguros em estar, onde suas carências e necessidades são supridas.
Já Paes (2003, p.14) afirma que o “lar é o lugar que Deus planejou para que, ali, as pessoas tenham supridas suas carências emocionais, seja no relacionamento entre homem e mulher ou entre pais e filhos”. O lar é apresentado como um lugar de alegria, de cuidado, de amor e de desenvolvimento físico, emocional e espiritual, onde as pessoas deveriam desenvolver relacionamentos bonitos e saudáveis.


"A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família."
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3 - PAIS E FILHOS: A REALIDADE DO RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS





I. A REALIDADE DO RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS!

Esse capítulo visa analisar como está o relacionamento entre pais e filhos nos dias atuais. Com certeza todas as pessoas sonham com um relacionamento familiar feliz, bem como em todas as áreas da vida. Onde não apenas pai e mãe vivam em harmonia e amor, mas onde pais e filhos possam viver relacionamentos de amizade, carinho, respeito e união. Entretanto esse sonho não tem sido a realidade da maioria dos lares. Dificilmente ouve-se falar de um lar, onde não haja problemas de relacionamentos entre pais e filhos. 

1.1. A família como base do relacionamento.

Deus criou cada ser humano com a capacidade e ao mesmo tempo à necessidade de se relacionar. A base ou fundamento de toda e qualquer relação começa na família. É dentro dela que o ser humano aprende a conversar, compreender, amar, respeitar, obedecer, etc. Enfim a relacionar-se com e como pessoa. Porém e na família que surgem os primeiros problemas de relacionamentos. O enfoque desse trabalho se dá no relacionamento entre pais e filhos, entretanto é na família, no convívio do lar, onde se cria ou acontece esse relacionamento.


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Léon Tolstoi

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2 - PAIS E FILHOS: INTRODUÇÃO





Esse trabalho limita-se a tratar de algumas questões envolvendo o relacionamento entre pais e filhos, e de que forma o aconselhamento cristão pode ajudar a resolver problemas e conflitos nesta área. Não serão abordadas nesta monografia questões referentes à faixa etária, ou idade de pais e filhos, mas de uma forma geral analisar alguns problemas que tem trazido sofrimento para dentro dos lares de muitas famílias cristãs.
 Essa reflexão será feita levando-se em conta a realidade atual e as dificuldades que pais enfrentam na criação de filhos, a opinião de diversos autores sobre o assunto e principalmente a luz do que a Palavra de Deus ensina sobre o relacionamento familiar e a educação de filhos.
O objetivo desse trabalho será triplo: Primeiro, analisar a situação atual do relacionamento entre pais e filhos. Olhando para a família como o lugar onde as pessoas aprendem a se relacionar conforme os modelos ali oferecidos e como isso pode influenciar na vida e no futuro dos relacionamentos da criança. Bem como destacar algumas características dessa relação que tem deixado muitos pais e filhos frustrados e perdidos e suas funções dentro da família. Também chamar a atenção para algumas causas e conseqüências que estão ocorrendo no contexto dessa relação familiar.
O segundo objetivo é fazer uma análise bíblica e teológica da família cristã levando-se em contas a implicações contidas na bíblia e que tratam do assunto envolvendo o relacionamento entre pais e filhos.
E por ultimo, tem como objetivo principal fornecer algumas orientações em como o Aconselhamento cristão pode ser útil para resolver problemas e conflitos nessa relação. Destacando como a igreja pode ser um instrumento para auxiliar a família a melhorar seus relacionamentos e como prevenir alguns desses problemas e conflitos. 
Também chamando especial atenção para a analise e implantação de alguns princípios bíblicos que regem o relacionamento entre pais e filhos e que estão sendo negligenciados em muitas famílias em geral, e inclusive por famílias cristãs, mas que serão úteis e essenciais para os que desejam ter um relacionamento familiar mais harmonioso e saudável.
Como se deseja neste trabalho fornecer ferramentas para ajudar em especial famílias cristãs, a metodologia utilizada será da teologia bíblica. Sendo que se buscou em uma vasta bibliografia, em especial de autores cristãos, que atuam na área do aconselhamento familiar e da psicologia apoio e opiniões que visam contribuir e enriquecer o conteúdo. Contudo o maior interesse está em buscar nas Sagradas Escrituras, e através delas apresentar orientações, em forma de aconselhamento cristão, que venham auxiliar e fortalecer o relacionamento entre pais e filhos. 


"A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família."
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1 - PAIS E FILHOS: FORTALECENDO RELACIONAMENTOS ATRAVÉS DO ACONSELHAMENTO.




Verifica e constata a realidade do relacionamento entre pais e filhos no contexto da família. Discute as características, as causas e as conseqüências dos relacionamentos conflituosos dentro do lar olhando para as principais dificuldades e problemas e como podem afetar de forma negativa o futuro dos novos relacionamentos e a vida dos filhos. Analisa como a palavra de Deus apresenta o relacionamento em família e especialmente entre pais e filhos, como eram tratados problemas de desobediência e desrespeito para com os pais no Antigo Testamento, como Jesus desenvolveu o seu ministério em meio a famílias e o que ele fez para ajudá-las em seus problemas diversos. Ao mesmo tempo em como a bíblia fornece orientações claras e concisas para a educação e a criação de filhos e o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis. Também busca fornecer orientações de como o aconselhamento cristão e pastoral pode ser útil para ajudar a resolver conflitos no lar.  Conclui apresentando como a igreja pode ser uma peça chave para que através de orientação e cuidado possam ser desenvolvidos trabalhos de prevenção e de restauração para o fortalecimento de relacionamentos saudáveis no seio da família. Destaca como é necessário um retorno aos princípios bíblicos que regem a família cristã para que pais saibam qual o papel que Deus espera de cada um em relação aos filhos, e estes para com seus pais. Objetivando-se que o relacionamento no lar seja melhor, e a família, a igreja e a sociedade venham a ter cidadãos mais maduros, responsáveis e saudáveis emocionalmente.



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Léon Tolstoi

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20 outubro 2012

Os pais que levam o filho à igreja, não vão buscá-lo na cadeia !!!


PALESTRA DO DR. IÇAMA TIBA 




Os pais que levam o filho à igreja, não vão buscá-lo na cadeia !!! ... 

Palestra ministrada pelo médico psiquiatra Dr. Içami Tiba, em Curitiba.O palestrante é membro eleito do Board of Directors of the International Association of Group Psychotherapy. Conselheiro do Instituto Nacional de Capacitação e Educação para o Trabalho "Via de Acesso". Professor de cursos e workshops no Brasil e no Exterior. Em pesquisa realizada em março de 2004, pelo IBOPE, entre os psicólogos do Conselho Federal de Psicologia, os entrevistados colocaram o Dr. Içami Tiba como terceiro autor de referência e admiração - o primeiro nacional. 



1º- lugar: Sigmund Freud; 

2º- lugar: Gustav Jung; 

3º- lugar: Içami Tiba. 



1. A educação não pode ser delegada à escola. Aluno é transitório. Filho é para sempre. 



2. O quarto não é lugar para fazer criança cumprir castigo. Não se pode castigar com internet, som, tv, etc... 



3. Educar significa punir as condutas derivadas de um comportamento errôneo. Queimou índio pataxó, a pena (condenação judicial) deve ser passar o dia todo em hospital de queimados. 



4. É preciso confrontar o que o filho conta com a verdade real. Se falar que professor o xingou, tem que ir até a escola e ouvir o outro 

lado, além das testemunhas. 



5. Informação é diferente de conhecimento. O ato de conhecer vem após o ato de ser informado de alguma coisa. Não são todos que conhecem. Conhecer camisinha e não usar significa que não se tem o conhecimento da prevenção que a camisinha proporciona. 



6. A autoridade deve ser compartilhada entre os pais. Ambos devem mandar. Não podem sucumbir aos desejos da criança. Criança não quer comer? A mãe não pode alimentá-la. A criança deve aguardar até a próxima refeição que a família fará. A criança não pode alterar as regras da casa. A mãe NÃO PODE interferir nas regras ditadas pelo pai (e nas punições também) e vice-versa. Se o pai determinar que não haverá um passeio, a mãe não pode interferir. Tem que respeitar sob pena de criar um delinquente. 



7. Em casa que tem comida, criança não morre de fome . Se ela quiser comer, saberá a hora. E é o adulto quem tem que dizer QUAL É A HORA de se comer e o que comer. 



8. A criança deve ser capaz de explicar aos pais a matéria que estudou e na qual será testada. Não pode simplesmente repetir, decorado. Tem que entender. 



9. É preciso transmitir aos filhos a ideia de que temos de produzir o máximo que podemos. Isto porque na vida não podemos aceitar a média exigida pelo colégio: não podemos dar 70% de nós, ou seja, não podemos tirar 7,0. 



10. As drogas e a gravidez indesejada estão em alta porque os adolescentes estão em busca de prazer. E o prazer é inconsequente. 



11. A gravidez é um sucesso biológico e um fracasso sob o ponto de vista sexual. 



12. Maconha não produz efeito só quando é utilizada. Quem está são, mas é dependente, agride a mãe para poder sair de casa, para fazer uso da droga . A mãe deve, então, virar as costas e não aceitar as agressões. Não pode ficar discutindo e tentando dissuadi-lo da idéia. Tem que dizer que não conversará com ele e pronto. Deve 'abandoná-lo'. 



13. A mãe é incompetente para 'abandonar' o filho. Se soubesse fazê-lo, o filho a respeitaria. Como sabe que a mãe está sempre ali, 

não a respeita. 



14. Se o pai ficar nervoso porque o filho aprontou alguma coisa, não deve alterar a voz. Deve dizer que está nervoso e, por isso, não quer discussão até ficar calmo. A calmaria, deve o pai dizer, virá em 2, 3, 4 dias. Enquanto isso, o videogame, as saídas, a balada, ficarão suspensas, até ele se acalmar e aplicar o devido castigo. 



15. Se o filho não aprendeu ganhando, tem que aprender perdendo. 



16. Não pode prometer presente pelo sucesso que é sua obrigação. Tirar nota boa é obrigação. Não xingar avós é obrigação. Ser polido é obrigação. Passar no vestibular é obrigação. Se ganhou o carro após o vestibular, ele o perderá se for mal na faculdade. 



17. Quem educa filho é pai e mãe. Avós não podem interferir na educação do neto, de maneira alguma. Jamais. Não é cabível palpite. 

Nunca. 



18. Muitas são desequilibradas ou mesmo loucas. Devem ser tratadas. (palavras dele). 



19. Se a mãe engolir sapos do filho, ele pensará que a sociedade terá que engolir também. 



20. Videogames são um perigo: os pais têm que explicar como é a realidade, mostrar que na vida real não existem 'vidas', e sim uma 

única vida. Não dá para morrer e reencarnar. Não dá para apostar tudo, apertar o botão e zerar a dívida. 



21. Professor tem que ser líder. Inspirar liderança. Não pode apenas bater cartão. 



22. Pais e mães não pode se valer do filho por uma inabilidade que eles tenham. 'Filho, digite isso aqui pra mim porque não sei lidar com o computador'. Pais têm que saber usar o Skype, pois no mundo em que a ligação é gratuita pelo Skype, é inconcebível pagarem para falar com o filho que mora longe. 



23. O erro mais frequente na educação do filho é colocá-lo no topo da casa. O filho não pode ser a razão de viver de um casal. O filho é um dos elementos. O casal tem que deixá-lo, no máximo, no mesmo nível que eles. A sociedade pagará o preço quando alguém é educado achando-se o centro do universo. 



24. Filhos drogados são aqueles que sempre estiveram no topo da família. 



25. Cair na conversa do filho é criar um marginal. Filho não pode dar palpite em coisa de adulto. Se ele quiser opinar sobre qual deve ser a geladeira, terá que mostrar qual é o consumo (KWh) da que ele indicar. Se quiser dizer como deve ser a nova casa, tem que dizer quanto isso (seus supostos luxos) incrementará o gasto final. 



26. Dinheiro 'a rodo' para o filho é prejudicial. Mesmo que os pais o tenham, precisam controlar e ensinar a gastar.